A dependência emocional prejudica tanto a pessoa dependente quanto a pessoa alvo das incansáveis exigências por atenção. O relacionamento que tem como alicerce essa forma de dependência está fadado a ser nocivo para ambas as partes envolvidas.
O que é dependência emocional?
A dependência emocional caracteriza-se pelo apego excessivo a outra pessoa. Esta pode ser um cônjuge, um parente ou um amigo. Todavia, é mais comum ver esse tipo de dinâmica em relacionamentos amorosos, onde são investidas mais emoções e sentimentos.
Essa dependência é mais presente quando há uma dinâmica doentia, envolta em possessividade e ciúmes, entre duas pessoas. O dependente quer ser o centro do mundo do outro,sufocando-o com suas demandas e necessidades. As partes envolvidas deixam de querer ficar juntas por prazer e sentem-se obrigadas a permanecerem no relacionamento.
Características da pessoa dependente emocionalmente
O dependente exige que a outra pessoa dedique todo o seu tempo livre somente para ele. Recorre a manipulações e chantagens emocionais para fazer com que o outro desmarque compromissos, deixe de socializar com suas amizades e evite passar muito tempo junto a família.
As experiências vividas com outras pessoas são consideradas menos importantes. O indivíduo dependente as critica abertamente na tentativa de desvalorizá-las.
As vitórias conquistadas através da mentoria e direcionamento de terceiros também são descartadas, levando a outra pessoa da relação a questionar-se por que não é boa o suficiente para o seu parceiro.
Em outras palavras, o indivíduo dependente emocionalmente tenta isolar o cônjuge para que possa tê-lo só para si. É igualmente comum ele buscar reafirmações do laço afetivo, questionando o outro sobre os sentimentos nutridos por ele e se algum dia será capaz de deixá-lo.
Nem sempre o dependente está totalmente consciente desse comportamento. A necessidade de ter a atenção integral do parceiro pode ser motivada por insegurança extrema ou medo irracional de perder a pessoa amada.
No entanto, é fato que esse tipo de relacionamento não é saudável tanto para quem sente a dependência emocional quanto para a pessoa alvo das demandas por atenção. As relações de dependência têm como base sentimentos doentios de posse e de necessidade, os quais alimentam a ilusão do relacionamento “perfeito”.
O que causa a dependência emocional?
Essa forma de dependência tem raíz em uma diversidade de fatores, o que torna esse incômodo emocional complexo e de difícil superação sem a ajuda psicológica adequada. Ela pode se originar dos seguintes fatores:
Urgência em ser amado, reconhecido e valorizado
A pessoa dependente costuma ter baixa autoestima e pouco apreço por si mesma. Ela corre atrás de outros indivíduos para preencher o vazio emocional dentro dela. O outro assume a responsabilidade de completá-la e, quando isso não acontece, ela faz uso da persuasão para convencê-lo a ficar ao seu lado.
Excesso de insegurança
Por ser demasiadamente inseguro, o dependente acredita que chegará ao fim da vida sozinho se não fizer de tudo pela pessoa amada. Ele não tem confiança em sua capacidade de ser interessante ou aprecia a sua aparência, então se anula para deixar o outro feliz a qualquer custo.
Essa forma de dependência é expressa por meio da dedicação cega ao outro, como se ele precisasse ser bajulado para ser convencido a permanecer no relacionamento. Nessa busca para convencer a outra pessoa a nunca deixá-lo, o indivíduo inseguro pode sofrer abusos emocionais e psicológicos.
A dependência emocional é vista como uma forma de amor
Algumas convenções sociais no Brasil enxergam a dependência como uma expressão de carinho e de amor.
Você provavelmente já deve ter ouvido alguém justificar o ciúme excessivo do parceiro com frases como “ele/ela gosta muito de mim, só isso” ou, ainda, enxergar o controle exercido sobre a sua liberdade como uma demonstração de cuidado. Quem possui essas crenças pode se encontrar preso em um relacionamento tóxico com mais facilidade.
Outra forma de pensar popularmente disseminada é que quem chega a certa idade solteiro e sem nenhuma perspectiva de casamento é fracassado ou é detentor de um problema que o torna incapaz de ser amado. Assim, para corresponder a expectativas, as pessoas se jogam em relacionamentos e se tornam dependentes emocionalmente de seus parceiros.
Falta de afeto ou valorização na infância
A pessoa dependente pode ter sido abandonada física ou emocionalmente na infância, ou ter tido experiências tão negativas quando mais jovem que, na vida adulta, elas se converteram em traumas.
Para compensar a falta de amor, ela busca um parceiro capaz de amá-la sem necessitar de justificativas. Os laços consanguíneos, em teoria, são razões suficientes para amar alguém. Quando isso não acontece, a pessoa tenta mostrar para si mesma (e, talvez, para quem não a amou como deveria) que é sim capaz de receber amor.
Quem sofreu traumas emocionais na infância ou na adolescência tem um pensamento semelhante. Geralmente, são pessoas com autoestima baixa que aceitam ser “amadas” por qualquer um que demonstrar interesse.
Elas se apegam a um cônjuge ou amigo de longa data, transformando-o em sua única fonte de apoio e afeto.
Como lidar com a dependência emocional?
A pessoa que busca satisfazer as suas pendências emocionais no outro raramente consegue fazê-lo. A procura pela segurança e pelo amor se torna eterna porque ninguém é capaz de preencher o vazio presente em seu peito. Ainda assim, ela acredita que é impossível viver sem estar acompanhada.
Para conseguir se livrar da dependência emocional de uma vez por todas é fundamental investigar as origens desse apego extremo. É uma experiência ruim do passado? Um relacionamento afetivo que não deu certo? Um trauma de infância? Falta de expressões de amor dos pais e familiares?
Isso implica em confrontar lembranças e medos desconfortáveis. O enfrentamento não é feito de um dia para o outro tampouco em um único mês de terapia. É um processo longo de introspecção e construção do amor-próprio, que requer a superação de limitações emocionais.
Quebrar o elo com a dependência significa encontrar a liberdade pela primeira vez. Para quem nunca viveu sem amarras, esse pensamento pode ser intimidador. No que você poderá se segurar para não se sentir inseguro, indesejado e incapaz?
A resposta é simples: em você mesmo. Acabar com a dependência é também transferir a necessidade de atenção e de carinho para si mesmo. Em vez de escolher alguém para ser o seu porto seguro, você será o seu porto seguro!
Para chegar a esse ponto, muitas reflexões sobre vivências, emoções e crenças débeis são necessárias. Pessoas dependentes levam tempo para encontrar motivos para se amar, por isso, esse processo raramente é efetivo quando feito sozinho.
O acompanhamento psicológico é quase sempre um requisito para elevar a autoestima da pessoa dependente emocionalmente, além de ajudá-la a desapegar de traumas e lembranças prejudiciais para a sua saúde mental.
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